sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Intrigas sociais


Intrigas sociais

Da virada do século para cá vivemos o boom das redes sociais, mas ainda estamos aprendendo a lidar com ela. Frequentemente as pessoas se desentendem nas redes ou por mal- entendido ou mesmo por não aceitar a postura do outro.

Acabei de presenciar um caso em um dos muitos grupos de whatsapp de que participo.

Com a finalidade de agregar veteranos de uma antiga unidade  em que trabalhei, o grupo foi criado com entusiasmo, e todos faziam festa para cada novo membro agregado.

Regrado por um código de ética, necessário para um bom convívio, tal como não postar pornografia, o grupo seguia animado e abordava vários assuntos, sobretudo as recordações do tempo de caserna. Entretanto, bastaram algumas discussões políticas levantadas por alguns participantes para o grupo rachar.

Sabemos que o futuro sempre rende ótimas projeções, mas falar do que vivemos juntos no passado uma hora esgota o assunto.  Por isso, temas clichês, como futebol e política, passam a ser rotina.

Os que não gostam de política entenderam que o grupo havia desviado da sua finalidade; então, o administrador, que também não gosta, proibiu o tema e criou um novo grupo para quem quisesse falar de política, o que, naturalmente, foi encarado como censura ou castigo.

Mas qual grupo que subsiste apenas com bom dia, boa tarde e boa noite, geralmente acompanhado de uma foto com florzinha, anjinho ou um rio margeado por gramas? E quem não gosta de futebol o que fala? E se a piada que um conta não tem graça para o outro? Eu mesmo tenho um humor peculiar.

Nos grupos de que participo pouco escrevo, prefiro os textos mais explicativos a sintetizar tudo num “tmj” (tamo junto).

Vejo publicações, em sua maioria, que não me agradam. São bizarrices pornográficas e do cotidiano, crimes e cadáveres, seres humanos expostos em sua fragilidade (pegadinha do Faustão acaba sendo fichinha perto dessas) e, embora também tenha o desejo de sair dos grupos, avalio que essas postagens são reflexos da sociedade em que vivo.  Fácil descobrir isso. Nos portais de notícias, as “grandes manchetes” me informam que o decote da atriz foi elogiado ou coisa da mesma proporção de importância. Tenho a opção de clicar ou não, como tenho o poder de decidir entre abrir uma foto, ler ou não os textos nos grupos.

Boa parte das pessoas que está nas nossas redes sociais viveu conosco em algum momento. E certamente era do mesmo jeito que hoje nos incomoda, ou seja, as pessoas não mudam. Se ela foi merecedora dessa reaproximação, após tanto tempo, é porque de fato é alguém que também construiu uma história digna e que merece o nosso respeito. Ou exercitamos a complacência pelo prazer do convívio social ou nos ilhamos. Não seremos agradados com frequência da mesma forma que também não agradamos.

Num encontro com outro grupo de amigos, um deles me falou uma coisa que me fez pensar: - Lago, eu só existo porque você existe. A minha história só existe porque você é testemunha. – De fato, de que adiantaria ter vivido tudo que vivemos se estivéssemos isolados num canto sem ter com quem compartilhar?

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