sábado, 19 de novembro de 2016

Policiais invertendo valores



Eu participo de muitos grupos de policiais. Neles, além das exageradas e - por que não dizer desnecessárias cenas de violência que os participantes trocam entre si, tenho percebido policiais invertendo valores.

Quando digo do excesso das imagens, refiro-me à dose suplementar de violência que eles já vivem no seu trabalho. Desculpe a sinceridade, logo mais o corpo vai reclamar disso e poderá ser muito desastroso para a vida de cada um. Basta uma visita na psiquiatria do hospital da Polícia Militar para constatar o que digo.

Contudo, o que tem chamado a minha atenção, e  nesta semana se potencializou, é a quantidade de policiais invertendo valores em comentários sobre situações de que tomam conhecimento.

No Rio de Janeiro, durante a justa manifestação dos policiais contra o pacote do governo que quer diminuir o salário dos servidores, um grupo de manifestantes expulsou do local o jornalista Caco Barcellos, com xingamentos e agressões físicas.  Na reprodução das imagens nos grupos, li impropérios e escárnios ao profissional, que segundo seus opositores “defende bandido”.

Primeiro, achei uma covardia extrema agredir um homem de 66 anos em pleno exercício de sua profissão. Segundo, a profissão dele é esta. Se concordamos ou não, é outra questão. Quantas pessoas criticam as abordagens policiais erroneamente?

Na outra situação que, novamente, vi policiais invertendo valores, foi quando exibiram uma imagem do programa Encontro, apresentado pela Fátima Bernardes. Numa pesquisa entre os presentes, queriam saber qual seria a prioridade de atendimento: Se ao policial levemente ferido ou ao traficante gravemente ferido. Claro que, usando do bom senso, a maioria respondeu que seria o traficante. Foi o suficiente para dizer que a apresentadora e a emissora dela defendem bandidos, etc.

Eu até admito a possibilidade da intenção de má fé da pergunta, mas a questão é muito clara. Se eu como policial não souber qual a prioridade de atendimento numa catástrofe, poderei salvar quem já estava salvo e perder vidas que daria tempo de salvar, caso tivesse feito a escolha certa ao priorizar o atendimento.

Vivemos dias de más notícias diariamente. O brasileiro está esgotado com tanta roubalheira e descaso dos governantes; mas ,se permitirmos que esse caos influencie nosso bom senso, veremos com mais frequência policiais invertendo valores.

Um comentário:

  1. Perfeito o texto Sgt Lago, realmente o ÓDIO, a inversão de valores, banalização de cenas de crimes (com corpos multilados), o "Bolosonarísmo" que toma conta da internet, são situações que me preocupam. Na imagem que círcula na internet se referindo ao programa "Encontro com Fátima Bernardes", entendo(posso estar enganado) que a situação levantada é de que o Bandido não deve ser socorrido. Mesmo que o Policial esteja com leves escoriações, este deve receber o atendimento de forma prioritária, o bandido deve morrer alí mesmo.

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