terça-feira, 22 de novembro de 2016

O Armagedom carioca prenunciado


Cansados das críticas e falta de apoio, policiais desabafam nas redes sociais contra tudo e todos que se voltam contra a profissão


O Armagedom carioca prenunciado


A crise política e econômica do estado do Rio de Janeiro, que afetou a segurança e teve desdobramentos drásticos neste final de semana, pode desencadear uma revolta maiúscula, antecipando o Armagedom carioca prenunciado.

As prisões de dois ex-governadores acusados de corrupção e, por consequência, responsabilizados pela falência do estado, agravados pelas ações ostensivas dos marginais, com arrastões e assassinatos de policiais, mais a queda do helicóptero com quatro tripulantes da corporação, transformou a “cidade maravilhosa” em local inóspito.

Minha preocupação está no papel que a polícia vai desempenhar nesse apocalipse: exercendo a capacidade de guerrear, com homens capacitados que sempre teve, ou agindo com a emoção dos salários defasados, a pressão de infiltrados e, ora vejam, de alguns colegas desavisados que estão engrossando sem saber o coro do “quanto pior, melhor”?

Pela internet, companheiros policiais de todo Brasil estão enviando mensagens de incentivo aos irmãos cariocas para que cobrem essa “bronca”. Alguns até se prontificam de lugares longínquos para se alistarem nessa batalha, como se isso fosse possível, exceto se convocado pela Força Nacional.

Esse clamor acrescenta uma carga ainda maior de adrenalina aos irmãos cariocas que, além de toda a pressão que vivem, não sentem a própria segurança para transitar pelas ruas e, por isso, alertam um aos outros: “evitem sair de casa desnecessariamente”.

Outro dia dois policiais foram aplaudidos por terem abandonado o pelotão em que estavam devidamente escalados, na manifestação dos policiais, defronte a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de janeiro – ALERJ. As manifestações de admiração vieram de seus colegas que lá protestavam e depois de companheiros de todo o país pela internet.

Vamos ser responsáveis. Quando eu falei em “Policiais invertendo valores”, no texto anterior, ganhei uma vaia nacional. A primeira veio do meu próprio irmão, policial da ativa. “Por você não estar mais no ‘Olho do furacão’, está fazendo essa avaliação, mas para quem está na guerra diária a visão é diferente”.

Exatamente, por estar nessa condição, tenho a obrigação de ser ponderado, mais que isso, devo alertar os meus companheiros, a começar pelo meu irmão, de que qualquer atitude tomada sob forte emoção é muito perigosa. Quem vai sustentar a família dos dois policias do choque que abandonaram o posto e, muito provavelmente, serão demitidos? E os policiais que poderão ir para a cadeia, caso cometam excessos, motivados por essa massa inflamada? Quem irá aparecer para amparar os seus familiares? Raciocinem.

O que temos a fazer nessa hora é manter os ânimos serenos e contribuir com boas ideias, caso tenhamos, e dar apoio moral aos nossos companheiros distantes para que consigam corrigir esse quadro dramático por que passam.

Estive recentemente no Rio, por duas vezes. Meu amigo, a coisa está pior do que se imagina. Nossos companheiros policiais cariocas são verdadeiros heróis.

Vamos guardar nossa valentia para efetivamente ser uma força a mais para nossos irmãos, enviando mensagens para formadores de opinião e autoridades que possam ajudá-los. Essa guerra de palavras só aumenta o estado de insegurança. Utilizemos nossas armas intelectuais. A distância, serão mais valiosas.


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